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COMPORTAMENTO - Condomínios voltados aos idosos são grande aposta do mercado imobiliário

Ativos, saudáveis, independentes, repletos de planos e com vontade de viver bem. Os idosos do país nunca foram tão ativos como são hoje. Os constantes saltos na expectativa de vida, aliados à estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística...

06 de julho de 2022
Isto É

Ativos, saudáveis, independentes, repletos de planos e com vontade de viver bem. Os idosos do país nunca foram tão ativos como são hoje. Os constantes saltos na expectativa de vida, aliados à estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de que o número de idosos deve superar o de crianças e jovens de até 14 anos já em 2031, mostram uma crescente transformação na sociedade brasileira quando o assunto é envelhecimento. Enquanto muitos escolhem viver sozinhos, com os filhos ou até em casas de repouso, outra possibilidade começa a ganhar corpo no mercado imobiliário nacional: moradias de alto padrão com infraestrutura que acompanha as demandas que surgem para quem tem mais de 60 anos.

No lugar de uma instituição de longa permanência, com entrada e saída restrita, por exemplo, o comprador recebe um apartamento elaborado com sofisticação, totalmente independente, mas com acesso a uma variada gama de serviços, como atividades físicas especializadas e enfermaria 24 horas. Há duas modalidades: serviços já incluídos no valor do condomínio e outros, pagos à parte, conforme as necessidades da pessoa. Esse conceito é chamado de “aging in place”, algo como “envelhecer em casa”, é bastante difundido nos Estados Unidos e na Europa, mas só agora começa a ganhar força por aqui.

“Na América Latina essa ideia de ir morar com os filhos na velhice sempre foi muito forte, mas isso começa a mudar, já que o perfil dessas pessoas também mudou”, explica a geroarquiteta Flávia Ranieri. Para ela, esse público, hoje chamado de “novos velhos”, “longevos” ou “maduros” e não mais de “terceira idade” começa a pensar em maneiras confortáveis de enfrentar essa fase da vida e por que não um local só seu, mas com algumas adaptações? “Antes se pensava em uma moradia adaptada que tinha aquela aparência de hospital e agora o foco está no bem-estar”, explica. E, detalhes que parecem pequenos podem ter uma importância crucial para quem tem problemas de mobilidade, ou seja, desníveis do piso, encontrados no acesso a sacadas e varandas, podem ocasionar muitos acidentes. Por isso, portas largas, banheiros amplos e pisos táteis e antiderrapantes são obrigatórios nesses novos empreendimentos.

Em Porto Alegre, o Vintage Senior Residence, um dos poucos já inaugurados dentro desse formato no Brasil, oferece ainda um espaço ambulatorial, atendimento personalizado de home care e atividades coletivas como aulas de alongamento e sala de cinema. Luiz Paludo, diretor de Incorporação da Cyrela Goldsztein, responsável pelo empreendimento, diz que a escolha da capital do Rio Grande do Sul para o projeto foi estratégica. “O estado possui um alto número de idosos e pensamos em fazer algo que pudesse atender de maneira satisfatória a esse público”, diz. No valor do condomínio, cerca de R$ 1,1 mil, a maioria desses serviços já está inclusa, e o restante, como limpeza, lavanderia e fisioterapia, podem ser adquiridos através da modalidade “pay-per-use”.

A aposentada Terezinha Barcellos, de 83 anos, mora desde janeiro com o marido de 87 anos, acamado e que precisa de cuidados especiais, em um dos apartamentos que comprou no espaço. “Jamais pensei que iria fazer grandes amizades nessa fase da vida, mas aconteceu”, diz ela que reforça o caráter social do condomínio. “Fizemos até uma festa junina com a ajuda das enfermeiras”. Ela, que é bastante ativa, gosta de fazer aulas de ginástica, ir ao cinema e frequentar a piscina de maneira diária, diz que tem sido muito boa a experiência, principalmente porque cada um tem o seu próprio apartamento, algo que dá bastante privacidade para todos. “Comprei tudo novo ao me mudar, só eu e meu marido que somos os velhos”, brinca.

Já em Curitiba, o empreendimento Bioos, da construtora Laguna, previsto para ser entregue em 2025, trará duas torres, uma de moradia e outra voltada para prestar serviços de saúde e bem-estar, aberto ao público, onde deverão funcionar, consultórios, clínicas e também um shopping center. A proposta, segundo a construtora, é “proporcionar para quem mora, trabalha e frequenta o local a comodidade de ter, em um único lugar, todo o necessário para se viver bem”. Em São Paulo, o destaque fica por conta do Matture Home Life, da construtora Matushita, que terá serviço de concierge, academia com pilates e área de convivência com um aquário para os moradores. O empreendimento terá restaurante e espaço de co-working abertos ao público.

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