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INFORMAÇÃO - Acima da inflação: veja empresas que pagam dividendos superiores a 10%

Os resquícios da pandemia ainda estão vivos. No acumulado de 2021, a inflação, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), superou – por muito – a meta do Banco Central (BC), ultrapassando a marca de 10%, tirando o poder de compra...

20 de janeiro de 2022
TradeMap

Os resquícios da pandemia ainda estão vivos. No acumulado de 2021, a inflação, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), superou – por muito – a meta do Banco Central (BC), ultrapassando a marca de 10%, tirando o poder de compra de muita gente e deixando pagadoras de dividendos para trás.

Segundo o presidente do BC, Roberto Campos Neto, a principal culpada pela disparada dos preços na economia foi a alta das commodities, além do desequilíbrio entre a oferta e demanda mundo afora. Junte-se a isso, a elevação da taxa de juros, que tira a atratividade dos ativos de risco, mesmo aqueles voltados ao pagamento de dividendos.

Historicamente no Brasil, o movimento do varejo rumo à Bolsa é maior em um ciclo de queda da taxa de juros, pois o ativo de risco dá chances de ganhos maiores que a Selic. Já quando a inflação está em alta e a elevação da taxa básica é utilizada como política monetária para diminuir o aumento dos preços, o processo no mercado financeiro se inverte.

Mas muitas companhias vistas como “vacas leiteiras” ficaram acima das expectativas na distribuição de proventos e conseguiram gerar um retorno em dividendos acima da inflação para os seus acionistas em 2021. As razões para isso são diversas: conjuntura favorável em determinados setores, melhora operacional ou até preferência pela distribuição ante reinvestimento na própria companhia. 

Vale ressaltar que o dividend yield é um indicador mostra o retrovisor, com a distribuição e preço das ações dos últimos períodos e não necessariamente será repetido. Porém, é uma ótima forma de mensuração das empresas que podem gerar renda passiva frente às suas cotações em Bolsa.

Confira quais foram os integrantes do Ibovespa que fizeram a festa dos investidores no ano passado, de acordo com os dados levantados pelo TradeMap, e as perspectivas para 2022.

Copel (CPLE6)

As ações preferenciais da Copel foram o destaque do Ibovespa no que se refere aos dividendos. Os papéis encerraram o dia 30 de dezembro do ano passado negociados a R$ 6,35, sendo que pagaram aos investidores ao longo do ano o montante de R$ 1,27. 

Isso perfaz um DY de 20,04%. No total, a empresa pagou R$ 2,13 bilhões em dividendos aos seus acionistas – resultado de um avanço relevante no balanço da companhia.

No terceiro trimestre de 2021, a companhia paranaense de energia lucrou R$ 2,85 bilhões, alta de 320% em relação ao mesmo período do ano anterior. Com isso, a perspectiva é de que as distribuições continuem robustas. 

A empresa tem 4.756 MW de capacidade, o que tem se mostrado suficiente para suprir a demanda e ainda vender o excedente.

A política da empresa determina que o payout (percentual do lucro ajustado pago em dividendos) fique entre 25% e 65%, a depender da alavancagem financeira.

Em 2020, a relação entre a dívida líquida e o Ebtida foi de 1,28 vez. Até o fim de setembro de 2021, a alavancagem no ano estava em 0,8 vez. Ambas as situações se encaixam no cenário de distribuição de 65% do lucro. 

Avanço do lucro líquido da Copel na última década

Fonte: TradeMap
Fonte: TradeMap

Metalúrgica Gerdau (GOAU4)

A Metalúrgica Gerdau pagou R$ 2,27 em dividendos aos seus investidores em 2021. Com base na cotação de fechamento do último pregão do ano passado, a R$ 11,38, o dividend yield foi de 19,98%. 

A companhia surfou o bom momento das siderúrgicas mundo afora com a reabertura das economias e investimentos em infraestrutura. Inclusive, esse é um dos gatilhos da empresa para os próximos meses.

A controladora da metalúrgica, Gerdau (GOUA4), está bem posicionada nos Estados Unidos para aproveitar o pacote de infraestrutura do presidente Joe Biden, de US$ 1 trilhão. O montante será investido ao longo dos próximos três a quatro anos. 

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Petrobras (PETR4)

A Petrobras é uma grata surpresa. A estatal conseguiu enxugar seu endividamento bruto no ano passando, alcançando a meta de US$ 60 bilhões, antes prevista para 2022. Dessa forma, os acionistas foram beneficiados.

No ano passado, as ações da petroleira pagaram R$ 5,49 por papel em dividendos, sendo que fecharam o período cotadas a R$ 28,45. Isso é equivalente a um DY de 19,31%. 

O pagamento total ultrapassou a marca de R$ 60 bilhões, se consideradas as ações ordinárias (PETR3). 

A política da empresa prevê um dividendo mínimo obrigatório de US$ 4 bilhões (R$ 22,11 bilhões) por ano, independentemente do resultado do período, desde que o barril de petróleo do tipo Brent esteja cotado acima de US$ 40. Hoje, a commodity beira os US$ 90.

Vale (VALE3)

A empresa mais valiosa da Bolsa brasileira distribuiu R$ 74,4 bilhões entre dividendos recorrentes e extraordinários, além de juros sobre capital próprio (JCP), em 2021. O DY da Vale ficou na ordem de 18,61%.

A média dos três anos anteriores havia sido de 3% anualmente. O movimento de aumento do percentual do chamado payout vai ao encontro da forte alta do minério de ferro, que atingiu sua máxima histórica ao longo do ano, antes de voltar a recuar. 

Mais do que isso, porém, a distribuição diz respeito à melhora no fluxo de caixa da empresa e à diminuição da alavancagem financeira, medida pela relação entre a dívida líquida e o Ebitda. 

A maior distribuição ainda coincidiu com o compromisso de reparação social e ambiental da região de Brumadinho (MG), firmado no começo do ano. Cerca de 12 mil pessoas já chegaram a acordos, com valor total equivalente a R$ 2,7 bilhões destinados pela Vale.

Bradespar (BRAP4)

As ações preferenciais da Bradespar aparecem em quinto lugar da lista, após a distribuição de R$ 1,11 bilhão pela empresa. No último dia de 2021, os papéis eram cotados a R$ 24,99, perfazendo um DY de 18,61% no período. 

A Bradespar, holding criada a partir de um desmembramento do Bradesco nos anos 2000 para administrar as participações acionárias em empresas não financeiras da instituição, atualmente possui 3,34% da Vale.

Essa fatia equivale a R$ 14,48 bilhões a preços de mercado. Era de 6,01% até o fim do mês passado, mas a holding distribuiu as ações da Vale aos investidores como forma de bonificação após o aumento de capital. 

Braskem (BRKM5)

A melhora no ambiente petroquímico ajudou a Braskem a afastar as incertezas quanto à venda de suas ações por Petrobras e Novonor. Pelo contrário, os papéis da empresa se destacaram em 2021, após subirem 176% em 12 meses.

Desempenho das ações BRKM5 (verde) e do Ibovespa (amarelo)

Fonte: TradeMap
Fonte: TradeMap

Mesmo assim, a companhia foi farta na distribuição de proventos, pagando R$ 6,3 bilhões em dividendos ao longo de 2021. Os papéis preferenciais, integrantes do Ibovespa, tiveram um dividend yield de 13,08% no acumulado do ano. 

Na última sexta-feira, 14, a empresa registrou um pedido de oferta pública de ações nos Estados Unidos. A operação consistirá na distribuição de ações primárias e secundárias, de forma simultânea no Brasil. 

Marfrig (MRFG3)

O ano passado foi agitado no setor de frigoríficos. Um dos principais assuntos discutidos no mercado foi a aquisição de uma participação minoritária relevante da BRF (BRFS3) pela Marfrig. 

A empresa de Marcos Molina aproveitou o bom momento de sua empresa nos Estados Unidos para se expor ao mercado de frango, balanceando resultados e tirando a volatilidade dos números com uma maior diversificação.

A despeito dos desafios no horizonte, sobretudo com os trabalhos americanos de ampliação da concorrência, a companhia mostra-se estar bem posicionada para surfar o fortalecimento da demanda por carne bovina no Hemisfério Norte.

Os resultados já apareceram no ano passado. A empresa, que é uma das principais produtoras de carne do mundo, pagou R$ 1,97 bilhão em dividendos, perfazendo um DY de 12,93% sobre a cotação de 30 de dezembro, a R$ 22,07.

Nas últimas semanas, duas notícias aceleraram o otimismo com a empresa. A primeira, de que a Marfrig conseguiu a autorização para exportar aos Estados Unidos a partir da fábrica em Mineiros, no estado de Goiás. 

A segunda é a de que a empresa voltou a exportar à China após o embargo que durou três meses. 

Qualicorp (QUAL3)

Líder nacional no setor de planos de saúde coletivos e empresariais, a Qualicorp conseguiu superar os desafios trazidos pela pandemia. Em meio ao alto desemprego e desaceleração econômica, o setor tem sido duramente afetado pela Covid-19 nos últimos dois anos. 

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No ano passado, a empresa distribuiu R$ 585,6 milhões, o equivalente a R$ 2,06 por ação ordinária. Em função do fechamento dos papéis no dia 30 de dezembro, a R$ 16,90, o DY foi de 12,20%.

O mercado, porém, se divide sobre as perspectivas futuras. De acordo com dados compilados pelo Refinitiv, apresentados na plataforma do TradeMap, nove analistas acompanham a Qualicorp.

Destes, cinco recomendam compra e quatro a manutenção dos papéis em carteira. O preço-alvo mediano aponta para R$ 26 por ação, um potencial de valorização de 61%. 

Fonte: TradeMap
Fonte: TradeMap

Minerva (BEEF3)

Mais um player que representa os frigoríficos na lista, a Minerva fez a festa dos investidores de duas formas. A companhia protegeu sua operação com mais da metade da receita sendo dolarizada e ainda distribuiu R$ 654,42 milhões em dividendos.

Com base no fechamento do ano passado, com as ações cotadas a R$ 10,60, o dividend yield do ano foi de 10,18%. Em 2022, os papéis se valorizaram 15,59%.

Agora, as atenções voltam-se para a mudança de endereço da companhia. O conselho de administração da Minerva aprovou a migração das ações para os Estados Unidos. O mercado prevê que a empresa seja listada na Nasdaq, em Nova York. 

Embora os planos ainda estejam no papel e que o processo possa demorar, a tendência é que a companhia consiga se aproximar do mercado americano, ficando mais perto dos investidores globais e fortalecendo a possibilidade de dividendos ao longo de 2022.

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